02
set
10

Quando o dia começa assim…

Época de eleição, prato cheio pra descolar aquele velho bico! Panfletagem, “seguradora” de placas em sinal, “tomadora de conta” de quadros com “santinho” na rua, baba ovo em comitê e muitas outras facetas laborais.

Show de bola!

Arrumei um desses aí… Fecha sinal, lá vai Elisa pro meio da rua com uma faixa colorida “Valdécito Clóvis para Governador, é 702121!!!” – Abre sinal, lá corre Elisa pro meio fio, se espremendo por entre aquelas palmeiras miseráveis que o povo planta num local de refúgio de pedestres… Santa noção!

Estou eu indo ao comitê do tal “702121”, pego aquele busão lotado que só a porra, cheio de caba fedido que parece que dormiu agarrado num gambá dos infernos… Até enxergar aquela “fumacinha” verde de desenho animado saindo do corpo dos porcos eu enxergo… Mas, tudo bem, continuo tranqüila e calma (tento!).

Um filho da puta começa a “relánimim” e eu dou uma cotovelada no fresco com o braço direito, que até o cotovelo do esquerdo doeu de tão “pá se fudê” que foi o golpe… Sem dó nem piedade! Depois me aparece um pirralho que o pai acha de colocar bem na minha frente… O filho de uma égua foi pisando nos meus pés desde que entrou naquele transporte agradável, até descer na tal escola… Puta que pariu! Eu, com uma unha encravada até meu rêgo, fui ao céu e voltei mais vezes do que vou numa noite com Betão!

Bom, nada pior pode acontecer, no ne vero??? – Adoro Passione!!!

Eis que entra uma peste em forma de mulher, nanica dos infernos, com um bucho pendurado por cima de uma calça mais brilhosa do que letreiro de Motel, mais colada que os cunhos do Betão no episódio do leite condensado e mais de feira do que xêpa… A Quenga decide alojar-se atrás de mim, saca a porra do celular Ching Ling e liga o som dessa arma bem alto, em pleno ônibus lotado e ainda fica selecionando as pérolas que porá para nós, trabalhadores sofridos, ouvirmos caladiiiiinhos, sem direito de escolha e/ou reclamações! Meus amigos, se há um cúmulo do absurdo, eis que se apresenta bem aqui, diante dos seus olhos, através de minha sofrida narração… A puta acordou e disse “Hoje vou fazer 36 pessoas sentadas e 25 pessoas em pé sofrerem até a morte!!!”

Só pode!!!

Quando minha cabecinha vermelha púrpura Nutrisse Garnier parecia não acreditar no que TENTAVA processar, ouço:

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

Puuuuta que o pariu!!! Meu irmão, velho… É mentira, né??? Vai, vai… Alguém me livre dessa dor e diz que não estou ouvindo isso!!! Pior! Me diz que não ouvirei isso por uns 4 minutos da minha triste (a partir de agora) existência! Me diz! Me diz!

E a porra não parava de tocar… Alguma alma boa me diz que não tem repeat em celular! Me diz! Me diz!

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

Eu não aguentaaaaava mais!!! Comecei a ter visões do inferno… De repente, passa nas minhas vistas a porra da Joelma com suas botas achadas do Judas, sacudindo aqueles cabelos que eu juro que sinto o cheiro de Kolene quando a vejo pela TV, rebolando aquele corpo esculpido pelos melhores cirurgiões do Pará e cantando, que dizer, gritando uma de suas músicas…

Mas, não! Parecia pior que isso! Nem “Xóelma” era! Era um triste de um caba fanhoso que só tem jeito praquela voz se arrancar fora a peste do seu nariz! E ele não parava…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

E eu não deixava de ter visões da “Xóelma” correndo de um lado pro outro, do Chimbinha com seu topete descolorido serelepando pelo palco… E a porra tocando…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

E o suor descendo, o caba “relanimim”… E a porra tocando…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

… O peste do pirralho pisando na minha unha encravada, o cu piscando de dor, as visões voltando… Até os cabelos da “Xóelma” açoitaram minha face… E o cunhão tocando…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

O brilho da calça da Quenga-carro-de-som encandeando minhas retinas cansadas, embaçadas de angústia e sofrimento… A vista escurecendo, já não sentia mais meus pés… E a porra tocando…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

Eu já não distinguia o que era visão, o que era real… Quando aproveitei a passagem do Chimbinha na minha frente e tentei puxar sua guitarra numa tentativa de assassinar aquele ser iluminado pelo cão que resolveu nos proporcionar a pior viagem já feita em um “Barro/Macaxeira – Via Várzea”!!!

Pensei: Desisto! Não tenho mais forças para lutar contra esse mal! Vou me entregar! Vou seguir a luz no fim do túnel que estou vendo… Me rendo! Se o peste repetir mais uma vez…

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

Ai minha Nossa Senhora das Músicas Paraenses… Valei-me! Ao menos só por hoje!

“DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ! DONA MARIA QUE DANÇA É ESSA? É O CARIMBÓ É O CARIMBÓ”

Não estou agüentando mais… Não tenho mais forças para sobreviver a esta manhã catastrófica! Caralho! Caralho! Já não sei mais o que digo ou penso… Não sei se penso ou deliro… Quando acho que a guerra acabou para mim, ouço o melhor som de todos os tempos!

– Pi-pi-pi!

Em seguida, a verdadeira música para os meus ouvidos nesta manhã:

– Puta que o pariu! A bateria do meu celular acabou! Como pode? Carreguei esse cunhão ontem de noite!!!

Só me resta dizer: SALVE OS CHING LING’S!!!!

Elisa Sentustão.


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